sexta-feira, 7 de fevereiro de 2020

Diário de um desconhecido #5

As vezes fazemos coisas que temos vontade, as vezes fazemos coisas para tentar ajudar as outras pessoas, as vezes o silêncio é a melhor opção, muitas vezes, aliás.

Fato é que qualquer uma delas causa impacto a todos que estão em volta. Naquela conversa, naquele contexo, naquele ambiente ou naqueles que estão somente em pensamento.

Impactos positivos, negativos, neutros, porém sábios. A gente nunca sabe o que pode causar até que tenha sido causado. A consequência. 

O dito está dito, 
O feito está feito,
O leite derramou, 
A xícara quebrou.

domingo, 12 de janeiro de 2020

Diário de um desconhecido #4

Debruço na janela ao nascer do dia. A alvorada pintando o horizonte que antes era incolor, pássaros começam a cantar desfazendo aquele silêncio, antes constante. As casas tomam formas e cores diferentes, não tinha visto nada igual. A luz do dia está pairando, vindo logo depois da escuridão incessante. Novos pássaros surgem, novas casas surgem, novos sentimentos surgem, uma nova esperança. Um dia morrerão. No outro, surgirão novamente. Um novo ciclo. Uma nova vida.

quarta-feira, 11 de maio de 2016

Diário de um desconhecido #3

Acordo com o assobiar do vento batendo na janela de madeira gasta, raios de sol começam a emergir nas frestas. Sinto frio e cansaço. Enquanto tomo coragem para levantar um pássaro pousa na janela e começa a bater o bico na madeira: toc toc toc. A TV ainda ligada da noite anterior ecoando vozes no quarto vazio, tudo é preto e branco. Sento-me na cama e minha cabeça lateja. Do lado, jogada ao chão, uma garrafa velha de conhaque, vazia e quebrada. A cama vazia e desarrumada, pequena, o que costumava ser cheia e grande, ainda desarrumada, me trás lembranças. Lembranças não se apagam, são postas de lado para que experiências novas aconteçam. Tudo é um ciclo, assim como o arrumar e desarrumar da cama...

domingo, 8 de maio de 2016

Escolhas

Tudo nessa vida é uma questão de escolha. Na infância escolhemos com quais brinquedos brincar, escolhemos a cor da bicicleta e a marca do tênis. Na adolescência escolhemos com quem será o primeiro beijo, qual faculdade entrar e como será nosso futuro. No fim, escolhemos qual será nosso primeiro carro e onde trabalhar. Na fase adulta escolhemos onde vamos morar, traçamos um objetivo profissional, quantidade de filhos, seus nomes e o que comprar primeiro: o carro do ano, TV ou geladeira, não importa, mês que vem tenho os dois.

Na verdade essas escolhas são guiadas por sentimentos. Escolhemos o brinquedo que mais gostamos, o beijo com a pessoa que mais gostamos e os filhos são frutos de um amor com quem nos casamos, a TV que mais nos apetece e assim por diante. As escolhas são baseadas naquilo que sentimos, naquilo que o coração manda, pois ele é nosso guia.

Bem lá no fundo, não temos muitas escolhas. Um carro preto ou branco, com 120 ou 240 cavalos de potência, manual ou automático será sempre um carro. O mesmo vale pra Tv, geladeira e todo o resto que é material.

Nessa vida são nos proporcionadas muitas oportunidades. Tais oportunidades, que as vezes nem notamos, podem nos transformar por completo. São experiências que nos guiam e nos modificam ao longo do tempo e as melhores delas são vividas, não compradas. Vividas com amigos, familiares, cônjuges, filhos...

Podemos escolher qualquer coisa dentro das nossas possibilidades. Contudo as que são mais importantes são escolhidas pelo nosso coração. Quando os sentimentos estão envolvidos, os dias são mais alegres, a TV deixa de ser somente um objeto, mas sim um compartilhador de momentos, o carro, a cerveja, o lugar... Não importa, todos são motivos de alegria quando se está em companhia de quem gostamos.

Escolhemos as pessoas com quem vamos sair, escolhemos o lugar e o que comer. Mas é o nosso coração que se apaixona. É ele que te coloca no caminho certo da vida. Em outras palavras, nós não escolhemos por quem vamos nos apaixonar, isso simplesmente acontece. E quando acontece torna-se uma explosão de sentimentos, angústias e medos: “e se aquela pessoa não corresponder?”, “e se ela(e) me trocar?”, “e se...”.

Mas quando tudo isso é recíproco, com quem quer que seja, nossos julgamentos se vão, nossos medos e angústias passam a ser irrelevantes, nossas vidas se tornam uma só, as conquistas são conjuntas e os tropeços também, não existe mais “eu” ou “você”, existe “nós”.Existe a compaixão, a paixão, a alegria, existe tudo que é de bom. Tudo que é suficiente para passar por aquilo que não é bom.

Assim como quando crianças agora não escolhemos o que queremos, somos guiados pelo coração em tudo nessa vida, essa vida curta e passageira. Feliz é aquele que entende e segue seu próprio coração, apenas...

quarta-feira, 22 de outubro de 2014

As vezes...

As vezes andamos, as vezes corremos;
As vezes conversamos, as vezes berramos;
As vezes somos simples, as vezes complicados;
As vezes pulamos de alegria, as vezes fugimos por desespero;
As vezes choramos de felicidade, as vezes de tristeza;
As vezes nos desgastamos, as vezes nos renovamos;
As vezes sorrimos, as vezes choramos;
As vezes nos sentimos distantes, as vezes muito próximos;
As vezes nos sufocamos, as vezes de felicidade, as vezes pela falta de espaço;
As vezes somos um só, as vezes três ou quatro;
As vezes tomamos chuva, as vezes somos ela;
As vezes brincamos, as vezes somos brinquedos;
As vezes mentimos por medo, as vezes por receio, as vezes por incerteza;
As vezes somos verdadeiros;
As vezes é gostoso e as vezes não;

Não importa como seja,
Seremos felizes,
Seremos tristes,
Viveremos,
Amaremos,
Sofreremos.
Seremos únicos,
E seremos só nós!

Escolhas

As pessoas são complicadas. Não simplificam nada. Existe a razão, existe a emoção e existe a escolha. Esta, muitas vezes, tende ao lado que você menos espera. Seja escolha sua ou não. Mesmo quando achamos não termos opções, pare e pense. Escolhas surgem com o mínimo de duas opções além das visivelmente existentes. Você pode escolher uma delas ou não escolher nenhuma, esta também é uma escolha. Elas existem para falarmos que somos donos de nossos próprios destinos, para influenciar o destino dos outros e influenciar o destino do próprio planeta. Tudo seria mais fácil se as pessoas não tivessem que fazer escolhas. Ou ainda se as pessoas tivessem discernimento para fazer escolhas. As pessoas são complicadas.

quarta-feira, 10 de setembro de 2014

Diário de um desconhecido #2

Acordo com o doce barulho da chuva batendo a minha janela, ainda sem memórias da noite passada tomo à mão uma xícara de café, quente. São dez da manhã e o telefone toca. Ao atender, sua voz ecoa com um suave timbre, parecendo uma arpa tocada suavemente por um anjo apaixonado. Você, sem meias palavras, objetiva e frustrada, me diz algumas palavras. Sinto-me como uma lagoa seca nos dias de verão, sem vida. O mar de possibilidades se extinguindo diante de suas palavras, ditas, expelidas, pensadas. Até o café, farto da temperatura que o rodeia, escorre aos estilhaços da xícara levada ao chão. Desligo o telefone e dirijo-me a janela, observando o céu cinza. As aves cinzas. Os carros cinzas. As pessoas sem faces, sem expressões e cinzas. Meu mundo perdeu a cor e deu lugar a dor.