domingo, 12 de fevereiro de 2012

Diário de um desconhecido #1

Na calada da noite, ponho-me sob a água fria que escorre do chuveiro, ainda vestido, descalço. O calor insuportável, numa fração de segundos, se extingue exatamente no mesmo momento que os pensamentos se aquecem, parecendo auras flamejantes. Você! Sim, você! Uma explosão de incógnitas, um oceano de possibilidades, um momento. Sim, aquele momento. Perguntas e mais perguntas, respostas incompletas, um sorriso. Momentos vividos jogados ao ar sem temer à reações inesperadas, palavras certas ditas no momento certo, ou talvez no momento errado, talvez. Palavras são somente palavras. Palavras sem momentos não possuem significado. Momento. Àquele significado da noite. Lembro-me de cada um como se estivesse vivendo agora, sob a água, em câmera lenta. Um toque. Aquele toque. Olho para meu braço direito lembrando-me dele, quase me afogando com a água jorrada do chuveiro. Dou-me conta de que não há mais nada a lembrar, somente viver.